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Scrum Gathering Brazil ’09

Terminou hoje aqui em São Paulo o maior evento sobre Scrum do mundo. Muitas histórias para contar e muitas fotos para postar. Estavam presentes aproximadamente 240 pessoas entre programadores, gerentes de TI, ScrumMasters e PMPs. As instalações do Hyatt são as melhores da cidade e a organização do evento foi muito boa. Vamos às palestras:

Project Management as a Strategic Competency – Ricardo Vargas, PMI

O Ricardo fez uma palestra bem política, e mostrou algumas coisas que gostaria que muitos PMP’s que tive contato vissem. De qualquer forma, a apresentação foi um pouco comercial do PMI, que defende a visão “Planejamento é crucial e conduz ao resultado. Esse resultado não foi por sorte e sim por ter processos”.

Uma coisa interessante é que todo mundo está fugindo do termo metodologia e processo, preferindo as palavras framework e ferramenta. Engraçado! Nada é metodologia! Nem o PMBOK! Nem o Scrum! Ele disse que PMBOK é um guarda chuva, e que odiava as pessoas “by the book”.

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Ricardo Vargas, manda soltar e manda prender no PMI.

Ele afirmou: “Uso o PMBOK como uma referência. E não existe gerenciar segundo o PMBOK.”

Apesar da palestra ser criticada por alguns, eu gostei, mas pelo fato dele não conhecer profundamente o Scrum, cometeu alguns pequenos deslizes, como responder ao Juan que achava auto-gestão ótimo, mas não acreditava muito, pois não tinha tido sucesso ainda com isso.

Eu gostei porque tem muito PMPzinho que gerencia projetinhos de R$ 250 mil e se acham o super-hiper-gerente-de-projeto, porém, quando você gerencia projetos de R$ 250 milhões ou R$ 2,5 bilhões a coisa muda de figura. Você precisa de alguém bom para gerenciar.

A palestra foi boa, mas a discussão é: será que era para ela estar num evento de Scrum? Eu não ví problema nisso, e até achei acertada a estratégia, pois muitos PMPs se sentiram em casa.

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Eu e o Juan Bernabo. Foto: Manoel Pimentel

Scrum and CMMI/MPS.BR is it possible? – Ana Rouiller & Boris Gloger

É bem difícil fazer uma palestra em duas pessoas. E no caso deles, faltou afiar um pouquinho o discurso. A palestra tentou mostrar alguns casos de empresas que implantaram junto Scrum e CMMI. O Boris falou do Scrum como sendo algo que vem das equipes e a Ana falou que o CMMI vem da gestão.

A palestrante Ana falou algumas coisas que eu não concordo. Ela declarou várias vezes que no Nivel 2 do CMMi é possível desenhar todo o processo sem a participação da equipe, pois o nível 2 é o mínimo e não impacta o trabalho do desenvolvedor. Nesse nível, o desenvolvedor é “um mero apontador de horas”. Ela também afirmou que nesse nível é o gerente que estima.

Um dos fatores de sucesso apontados por eles foi a queda do retrabalho num dos clientes de 45% para apenas 5%. Aí já fiquei com a pulga atrás da orelha, pois num ciclo ágil e iterativo, praticamente não há retrabalho, a não ser bugs. Eu e a Ana Rouiller tivemos um certo desentendimento sobre a definição de retrabalho. Ela afirmou que tudo que volta do cliente para refazer é retrabalho, mesmo as mudanças, pois alguém não levantou direito com o cliente. Infelizmente tive que deixar a sala.

Depois ela tentou se explicar melhor, mas não tivemos outra oportunidade de conversar. Deixo a oportunidade dela postar um comentário aqui no Débito Técnico, explicando melhor a definição de retrabalho dessa pesquisa.

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Boris Gloger (mais careca e mais gordinho desde o meu CSM) e Ana Rouiller. Foto: Manoel Pimentel

Keynote do Ken Schwaber

Falou algumas definições já meio batidas sobre Scrum e depois nos deu uma enxurrada de definições do Scrumbut. Acho Scrumbut um péssimo nome, pois dar nomes para aberrações faz elas existirem. Quando eu leio Scrumbut é inevitável a associação com RUP Waterfall (oras, se é waterfall não é RUP).

O Ricardo Vargas foi meio bombardeado na palestra dele por perguntas minhas e do Juan… E como alí corria sangue PMBOK e a gente (eu e o Juan) gostamos de esfolar PMPs (essa é uma parte irônica do post), conseguimos arrancar dele que segundo o PMI, o gerente de projetos é uma figura central do projeto. Um outro amigo nosso não perdeu a oportunidade de perguntar ao Ken Schwaber sobre a presença de gerentes de projeto em equipes Scrum. O Ken Schwaber respondeu exatamente o que falo no meu curso: “No Scrum nós temos o ScrumMaster, temos o Product Owner e temos a Equipe; eu não vejo lugar para um gerente de projetos alí….”. A galera foi ao delírio…

O Ken Schwaber mostrou um dado alarmante. Somente 25% dos desenvolvedores são capazes de entregar algo funcionando ao final dos Sprints. Ele não disse quais são os critérios ou se usou o chutômetro. Mas como tudo na vida é uma oportunidade, ele aproveitou para lançar mais uma certificação, a CSD – Certified Scrum Developer, que visa “melhorar as práticas de engenharia”. Eu não vejo isso com bons olhos. Na minha opinião a ScrumAlliance deveria fortalecer mais os User Groups do que ficar botando certificações no mercado. Certificação não certifica nada.

Scrum para Desenvolvimento Interno e para Produtos de Software – Rodrigo Yoshima

Minha palestra substituiu a falta do Guilherme Chapiewski que por motivos de saúde não pode comparecer e me indicou para a ScrumAlliance. Valeu Guilherme! Tô devendo a cerveja e melhoras para você.

Basicamente a minha palestra se fundamentou em explicar sobre as facilidades, dificuldades e impossibildades em implantar Scrum em 3 ambientes distintos: outsourcing (morte às fábricas), desenvolvimento interno e ISVs (empresas de produtos). O paper foi baseado nos principais cases da Aspercom.

Nunca tive uma apresentação tão bonita! Se quiser uma igual, fale com meu irmão.

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Foto: Manoel Pimentel

A palestra foi muito legal. As perguntas foram de alto nível e após a palestra as pessoas estavam se referenciando como “estou no número 1” ou “sou número 2” e etc… Sorteei camisetas ScrumMaster “working software addicted” da Aspercom e apostilas do nosso curso.

Infelizmente não conseguí assistir a palestra do Danilo Bardusco, mas conversamos bastante. O primeiro dia de palestra terminou, e possívelmente quem não assistiu a minha palestra ficou com um sentimento do tipo: “não era um evento de Scrum?”. Teve muito CMMi e PMBOK, talvez demais do que um agilista possa suportar. Particularmente, eu achava que mais pessoas iriam falar ou puxar a orelha para chamar a atenção para as práticas de engenharia como eu fiz, mas isso não aconteceu. A aplicação das práticas ágeis de engenharia é a crise atual do Scrum.

Muitas pessoas do evento já estão usando Scrum, o que é muito bom. Porém, conversei com várias delas e muitas, mas muitas mesmo, tem problemas graves arquiteturais e outros problemas que afetam a qualidade interna da aplicação, como a falta de testes automatizados ou simplesmente “ter” uma cultura rica de testes.

Agile Beer Drinking São Paulo

Fomos em quase 30 pessoas para o Hooters. Bastante gente da scrum-brasil estava presente.

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Tales (Fortes), Guilherme (Globo.com), Danilo Bardusco (Globo.com) e Rodrigo Yoshima (Aspercom)

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Toda a galera

Mais tarde, o Marcio Tierno da Inmetrics chegou. Quem lê a UML-BR, a agile-brasil e a cmmi-brasil deve ter o “prazer” de conhecê-lo como MT. Nós ficamos numa mesa com o Juan, o Tales e o pessoal da Globo.com até 1:00 da manhã. Assuntos:

1. Testes apartados da equipe de desenvolvimento são uma boa idéia, por conta do “mindset”, mesmo para os Agilistas. O MT falou que até uma das mais tradicionais empresas XP daqui do BR estão usando isso. E se você estiver interessado é só falar que o MT tira o talãozinho de pedidos e manda os testers amanhã.

2. Não critique o RUP por favor. Pelo que vemos nesse evento o Scrum vai para o mesmo buraco daqui a uns 5 anos. Até vejo palestras do tipo “Crumber na Xpto – a transição do Scrum para o Crumber”. Vejo pessoas falando: “O Scrum é leve demais, precisamos de uma metodologia mais pesada como a Crumber, que garanta a qualidade da engenharia.”. Quem viver verá. O mercado repete as mesmas coisas over and over again. Nós (eu, o MT e o Juan) quase convencemos o pessoal da Globo a voltar para o RUP. O problema é que eles não estavam tão bêbados assim.

3. A programação vai acabar daqui a 10 anos e o pessoal de negócio vai conseguir programar. O Guilherme da Globo.com não concordou não. 😉

4. Entrei num táxi com o Juan e o MT. Se o táxi sofresse um acidente só sobraria o Rodolpho Ugolini (IBM) e o José Papo (BRQ) para evangelizar o RUP aqui no Brasil.

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Ache o MT…

Usando Scrum com o Visual Studio Team Systeam – Fabio Camara, FCamara

O segundo dia começou e fui assistir uma palestra controversa. Conceitualmente controversa. O Fabio Camara é um dos CSP (Certified Scrum Practitioner) locais e bastante conhecido na comunidade .NET. Ele apresentou conceitos do TeamSystem da Microsoft e como ele vem aplicando essa estratégia nos seus projetos. Eu estranhei essa palestra estar na grade, pois quando enviei o meu paper claramente as regras da ScrumAlliance proibiam demonstrações de ferramenta.

Ele comentou que o Scrum é recheado de Esoterismos. Infelizmente não tive oportunidade de questionar mais a fundo o que ele queria falar com isso, mas ví que a visão dele do Scrum é destoante do próprio Ken Schwaber que havia palestrado no dia anterior. Alguns tópicos da palestra dele:

– Desenvolvedores tendo idéias geniais podem ser um problema, pois muitas delas podem demorar muito para serem implementadas

– Ele acha incrível como a Regra de Pareto se aplica a projetos de software: 20% dos desenvolvedores fazem 80% do trabalho.

– Ele se questiona se vale a pena o programador testar. Para ele, o programador só deve verificar e um testador, que é mais barato, testa efetivamente. Na mesma linha ele questiona TDD para projetos que ele denomina “time-driven”. Não achei referências para esse termo, mas ele classifica como os projetos onde tudo é para ontem. Nesses projetos não há tempo para pensar em testes unitários.

– A maior divergência porém, é o papel do ScrumMaster na visão do Fabio Camara. Para ele o ScrumMaster Monta o Plano, Distribui Atividades, Obtém Feedback e Refaz o Plano. Ele deixou claro na palestra que essa é a opinião dele. Quando questionei a respeito da auto-organização do Scrum ele disse que também não acredita na auto-organização.

Infelizmente tivemos divergências irreconciliáveis e tive que deixar a palestra.

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Fabio Camara, CSP, e sua visão IMHO do ScrumMaster

Avaliando Scrum em um ambiente CMMi 5 – Daniel Magalhães e João Coelho (CI&T)

Pra mim foi a melhor Palestra do evento. O Daniel Magalhães apresentou como a CI&T está adotando Scrum e Agilidade num ambiente Outsourcing. Parece impossível mas não é! Eles estão de fato pegando projetos no mercado de maneira iterativa e com escopo negociável (ou melhor Governança de Escopo, como eles estão chamando agora – simplesmente excepcional).

A palestra foi muito clara. Eles responderam as pergunas com muita propriedade e vimos que eles não estão para brincadeira. Já estão com 2 anos de maturidade neste processo e realmente saíram na frente de todas as outras, pois são grandes e atualmente 53% do faturamento deles estão vindo de projetos ágeis.

Vou me retratar aqui! Minha palestra falou que é muito difícil aplicar escopo negociável e achar um bom Product Owner no ambiente 1 (fábrica de software, outsourcing). Até disse que se você está nesses ambientes e querem aplicar Agilidade seria bom você sair do Outsourcing. Porém, vou trocar esse slide para o seguinte:

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Eu tinha chegado a citar na minha apresentação sobre a CI&T, porém não sabia que as coisas já estavam nessas proporções. Será que teremos uma ThoughtWorks Brasileira? É realmente muito legal ver que tem pessoas querendo mudar as coisas burras do mercado apesar das dificuldades. Como sempre disse, a primeira empresa de outsourcing que saísse na frente teria vantagens competitivas muito grandes. Parabéns a todos da CI&T pela excelente apresentação. Eu confesso a vocês que ao ver o nome da apresentação já me via escrevendo críticas aqui, mas vocês calaram a minha boca.

O Daniel falou que vai colocar a apresentação no slideshare. Aguardamos ansiosos, e Daniel, espere para receber uma tempestade de currículos agora… Infelizmente foi tão interessante e rico que nem tirei fotos.

Conclusão

Apesar das polêmicas e reclamações que rolaram no Twitter, o evento foi MUITO BOM. Sei que é bem difícil e estressante organizar um evento assim e a ScrumAlliance e outros envolvidos estão de parabéns. Eu particularmente não fiz uma trilha muito boa propositalmente (até me chamaram de Scrum Police), porém, as palestras que não assisti tive bons feedbacks. Eu só esperava que se falasse mais de boas práticas ágeis de engenharia. Vocês já notaram que quando alguém fala sobre CMMi eles nunca falam sobre automação de testes, colaboração interna, design emergente, integração contínua, expecificações executáveis e outras coisas mais que resolvem o dia-a-dia do nosso mundo Agile?

A cobertura fotográfica completa você acha no Beonthe.Net do Manoel Pimentel, aliás, os créditos de algumas fotos aqui são dele….

http://www.manoelpimentel.com

Que venha os próximos Scrum Gatherings!!!!

34 Comentários

  1. Guilherme Chapiewski

    Nossa, esse Fabio Camara só pode ser louco! Essa opinião dele é realmente imHo, com “H” de “humble” maiúsculo:

    Definitions of humble on the Web:
    * low or inferior in station or quality;

    Por isso que essa formação CSP é uma palhaçada, porque transforma alguém falando palhaçadas desse tipo em uma autoridade certificada e com propriedade (teoricamente) para falar sobre Scrum.

    Ainda mais impressionante que isso é se dispor a falar barbaridades na frente de centenas de pessoas…

    Sem sacanagem, nem acreditaria nisso que aconteceu se não fossem outras pérolas do mesmo autor:

    “Figura 2 – Nossa implementação de KANBAN na empresa * ___dirigida pelo SCRUM Master___ ***” – Retirado de http://imasters.uol.com.br/artigo/10699/gerencia/scrum_uma_metodologia_agil/

    #epic #fail

    [ ]s, gc (de saco cheio)

  2. Rodrigo Yoshima

    A palestra dele não estava cheia… eu creio que só tinham umas 20 pessoas no máximo.

  3. João Paulo Coelho

    Obrigado pelos elogios Rodrigo.

    Fico muito contente por vc ter gostado de nossa apresentação.

    Sobre o arquivo, ele já está disponível no site do evento.

    []s
    João Paulo Coelho

  4. Rodrigo Yoshima

    @Guilherme… he he he he… always raising the abstraction level… that’s all we ever do. Não necessariamente seja MDA, mas um dia vai rolar!

  5. Victor Hugo Germano

    É senhores… sai do evento com duas impressoes distintas:

    – falta de discussoes mais profundas (sobre gestao, sobre praticas, sobre qualidade). Talvez por eu tb ter escolhido algumas palestras nao tao “profundas” (nao peguei a do boris sobre retrospectivas)

    – está se tornando repetitivo ver várias empresas em adoção com os mesmos problemas, usando as mesmas solucoes e dizendo: nossa Scrum é lindo… mas das palestras que vi, nenhuma delas dizia assim: mais do que scrum, estamos crescendo, o cliente REALMENTE está percebendo o valor… (como na palestra do grupo de usuarios de montreal, que foi apenas uma palestra de introducao… sem mostrar dados)… Mas concordo com o @rodrigoy, CI&T foi foda!

    Onde estao os problemas? Quais projetos falharam?

    …Vem ai a TabajaraAlliance: a sua fonte de sucesso generico para todos os projetos!

  6. Paulo Furtado

    Vale ressaltar que a palestra do Juan Bernabó (que inclusive não estava na programação e foi colocada no segundo dia) entitulada “From Management 1.0 to Management 2.0” foi SENSACIONAL!!!!

  7. Adriano Caldeira

    Ótimo post. Sou desenvolvedor .Net e fico maluco quando alguém que só publica artigo de Wizard de ferramentas como o Fábio Camara se sujeita a falar de Scrum da forma como foi comentada aqui, por causa, de pessoas como ele fica cada vez mais difícil implantar em empresas que adotam Microsoft dos pés a cabeça Scrum, .Net+NHibernate, Testes etc… Resumindo jogando contra. Falando sobre a Ana infelizmente muita gente acha que a salvação dos projetos são processos e gerente de projetos, fazer o que??? Desculpa meu desabafo mais infelizmente tem gente que acha bonito falar sopinha de letras e acham que certificação é tudo.

  8. Ricardo Almeida

    Obrigado pelo relato Rodrigo!

    Infelizmente não pude ir nesse evento e estava muito curioso para saber o que aconteceu lá. Quando o pessoal da Ci&T liberar os slides me avise!

    Abraços

  9. Luciano Félix

    Realmente é um pena saber sobre as idéias do Fábio Câmara, mas o porque de terem permitido uma palestra sobre a ferramenta VSTS é fácil. Ela fará parte da incômoda certificação de CSD (Certified Scrum Developer)

  10. AkitaOnRails

    Eu sou um recém-chegado à agilidade e não participo das comunidades mas queria deixar meus dois centavos.

    Toda vez que se fala em “metodologia” se fala em conjuntos de práticas. Por alguma razão, as pessoas resolvem escolher quais práticas usar ou não aleatoriamente. Simplesmente não faz sentido.

    “Não acreditar em auto-organização” simplesmente não faz sentido. Imaginar ainda testes como custo não faz sentido. Hoje mesmo estava lendo sobre Scrum vs Kanban, e isso também não faz sentido.

    Agilidade é cultura. O pensamento é: “qual a maneira de entregar o máximo valor ao cliente com o mínimo desperdício possível?”

    Pensando nisso, não importa que “marca” de metodologia se usa, contanto que as práticas sigam nessa direção.

    Por isso mesmo que o papel do “gerente tradicional” não faz sentido quando a equipe tem investimento e suporte para se organizar sozinha, tomar as micro-decisões sozinha, ter autonomia para parar o processo para corrigir os erros no minuto em que elas acontecem, a ajudar os colegas de equipe ou de outras equipes a resolver problemas, etc.

    Quando se entende Hansei e Kaizen faz sentido as reuniões diárias, as retrospectivas, os testes, os spikes e provas de conceito. Melhoria contínua.

    “Fazer Certo da Primeira Vez”, que em agilidade é traduzido como “Test First” e Andon, que é parar a linha, leva naturalmente à conclusão óbvia de fazer testes antes e testes sempre. Não faz sentido pensar o contrário.

    Fora que eu vejo muito pouca gente falar de Cross Functional Teams (ou Feature Teams), e mesmo empresas que “adotam” metodologias ágeis ainda trabalham com departamentos funcionais, ou “Component Teams”. Numa cultura ágil isso não faz sentido: cada equipe precisa ter pessoas de diferentes especialidades trabalhando ao mesmo tempo, com empowerment para seguirem sozinhas.

    Quando se entende que inventórios e estoque são desperdícios, você tem que eliminá-los. Kanban é usado como buffer temporário enquanto se toma ações para eliminar o inventório. Por isso eu digo que Kanban foi feito para eliminar o Kanban.

    Finalmente, é impossível prever o futuro. “Planejar” no senso de “Big Design Up Front” é um grande desperdício. Você vai produzir coisas que o cliente não vai precisar. Vai produzir coisas que ele não prioriza e deixar as prioridades para depois. Vai atrasar a entrega de valor ao cliente, que vai contra o valor ágil de entregar valor o mais cedo possível. O valor sempre deve ser puxado (pull) e não empurrado (push).

    “Plano” e “Gerente”, no senso tradicional de gerenciamento de projetos, são conceitos totalmente irrelevantes.

    Em uma cultura ágil, contratos de escopo fechado simplesmente não fazem sentido. Não ter contratos de escopo variável simplesmente anula qualquer tentativa de associar a palavra “ágil” à questão.

    O objetivo final das práticas ágeis é levar o mais próximo possível do ideal de Just In Time. Metodologias não são os fins, são apenas os meios para, via melhoria contínua, mais e mais se chegar ao objetivo maior de entregar valor ao cliente com Zero desperdício, zero overhead, zero espera.

    (obs, usei muitos termos de Lean, mas não levem isso a sério, o importante são os conceitos).

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  12. Luiz

    Eu estou iniciando no mundo Agile, não participo das comunidades, porém gostaria também de deixar um comentário.
    Esse é o terceito evento sobre Agile que vou e realmente este estava bem melhor.
    Infelizmente, só pude ir ao primeiro dia e achei a palestra do Ricardo Vargas inapropriada para a abertura do Evento visto que o conhecimento dele de Scrum é realmente limitado e ele insistiu muito na tese “abrir a mente” do pessoal. Recentemente eu coordenei um projeto de Sped Fiscal e ao avisar o gerente de projeto(PMP) que iria usar Métodos Ágeis obtive uma enorme resistência tendo que fazer algumas “concessões” para me adequar ao que ele achava “prudente”, será que eu devo abrir minha mente ?

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  14. Daniel VM

    Akita,
    Esse é o jeito que entendemos desenvolvimento de software aqui na Ci&T. Repare que um dos primeiros slides de nossa apresentação é um bebezinho sozinho na bacia. Jogamos só a aguá suja embora, eliminamos o desperficio, mas continuamos fazendo tudo que sempre deu certo, como testes exaustivos.
    Os principios são anteriores aos métodos.
    Kaisen é o primeiro principio a ser implantado no meu ponto de vista. E como você também demonstrou, o Scrum é um framework que materializa rapidamente alguns destes principios. Gostei muito do seu comentario, foi de uma objetividade e capacidade de resumir em poucas palavras o que eu tentei falar em 1 hora e 30 slides. Incrível.

    E Rodrigo, foi um prazer conhecê-lo pessoalmente.
    Fico muito contente com sua avaliação de nossa fala, ainda mais vindo de alguém que estava preparado para o ataque.
    Pelo relato sobre outras apresentações, que você saiu no meio por “divergencias irreconciliaveis”, fico muito honrado de você ter ficado até o fim da nossa apresentação e ainda ter vindo falar comigo e me dado uma camiseta.
    nos vemos por aí!
    Inté!

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  17. Marcos Silva Pereira

    Rodrigo,

    Acho que vc perdeu o ponto que a Ana queria mostrar na palestra. Provavelmente porque vc saiu antes de ela mostrar onde queria chegar: é sim possivel implementar CMMi 2 sem a presença dos desenvolvedores, mas é uma burrice! É gasto.

    Ela contextualizou o problema e vc deve ter saido antes de ela ter dito que era um problema de fato.

    Eu não vi a palestra do Fábio Camara, mas é danoso ter esse tipo de visão se esplando na comunidade. Quem saiu de lá acreditando nisso, vai espalhar a idéia. Argh!

    Abraço…

  18. Sérgio Monteiro

    Este comedião (Fábio Câmara) está sempre dando palestras do tema do momento”. Amanhã com certeza ele estará dando uma palestra sobre Crumber (rs). Sinceramente não sei porque esse cara deu uma palestra no Scrum Gathering, a minha pergunta é, porque a Scrum Alliance não chamou as pessoas mais influentes da comunidade ágil brasileira?

    Em um dos slides da apresentação do Fábio Câmara tem uma foto de um quadro de acompanhamento com o nome dos Recursos do projeto!

    Fabio, recursos ou pessoas? A resposta faz toda a diferença.

    Abraços Rodrigo, foi um prazer trocar idéias com você, José Papo e Juan Bernabo.

  19. Pingback:Adolfo Sousa » E o manifesto ágil, meu caro CSP

  20. Handerson Frota

    Fala rodrigo, cara excelente post, queria ter ido para o evento. Muito bom mesmo, excelente cobertura e a sua apresentação está muito massa.

    PS: Quando vai voltar aqui em Fortaleza para tomar aquela cerva eim ?

    Parabéns.

    Abraços

  21. Rafael Sabbagh

    Rodrigo,

    também tive a infelicidade de assistir a essa palestra do Fábio Câmara (como falei no meu blog) e também discuti com ele. Insisti em ficar até o final, mas realmente perdi o meu tempo e ainda perdi um pedaço do coffee break. 🙁

    Tem muita gente por que diz estar divulgando Scrum, mas na verdade está vendendo outra coisa. Isso é bastante perigoso e tem que ser combatido.

    Abraço.

  22. Rodolpho Ugolini

    Valeu pela menção honrosa, mestre Yosha!

    Infelizmente por motivos de força maior não pude ir ao evento, nem ao Agile Beering.

    Pelos relatos que tenho visto, percebo que meus receios estão virando realidade: muita gente indo para SCRUM porque tem muita gente indo para SCRUM e justificando com “o que foi tentado até agora não funcionou”…

    O grande problema é que essas pessoas (principalmente da TI de grandes empresas) simplesmente passam a chamar velhas maneiras de trabalhar por novos nomes (pobre Caso de Uso). Obviamente com os mesmos resultados de antes. E depois de um tempo dizem que as “velhas técnicas de nomes novos” não funcionam… e o ciclo recomeça…

    Outro dia ouvi em uma empresa “não estamos prontos para desenvolvimento Iterativo como prega o RUP, no máximo como no SCRUM”, depois de questionar o porque, veio a resposta “porque o SCRUM prega a entrega de software funcionando ao final de cada Iteração. Já no RUP, podemos fazer somente os requisitos e pronto! Terminou a iteração. O Scrum é iterativo e o RUP é Iterativo Controlado.” Ahhhh!

    Se conseguirmos, depois de RUP, SCRUM, Crumber, Xilumber (todas tem “U”, reparou?) fazer o pessoal desenvolver iterativamente, medindo progresso e qualidade pelo produto final, vou ficar feliz. Será que nesse dia Waterfall vai virar moda?

    Abração!

  23. Sérgio Monteiro

    Vou escrever um artigo no iMasters sobre essa onda de gente despreparada vendendo o Pseudo-Scrum. Vou começar a expor essa galera, já tô de saco cheio dessa ladainha.

  24. Fabio Fugi

    Esse Fabio Camara é simplesmente ridiculo!! E o cara ainda me consegue o titulo de CSP!!! Scrum Alliance em baixa nesse ponto…

  25. Pingback:Blog do Barbeita » PMI X Agile

  26. Pingback:Conteúdos para os participantes do #SGRIO2015 -Débito Técnico

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