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Kanban! Retrospectivas QconSP, Encontro Ágil, Maré Fortal e AgileVale

Mais uma vez desculpem a falta de postagens por aqui. Neste segundo semestre de 2010 estive bastante envolvido em alguns projetos, consultorias e treinamentos. Ainda tenho que postar aqui relatos de clientes como a SulAmérica (Scrum, XP e Kanban), a EPC Engenharia (Scrum fora de Software!), a Voice Tecnology (Scrum e XP), o Tribunal de Contas do Tocantins (Scrum e XP), a Interdual (Kanban) e mais uma vez a Aurum (Kanban).

Vejo que todos estão blogando menos. Vocês devem ter notado nos seus readers que anda tudo muito parado. O motivo disso é o Twitter. Quem me segue no Twitter sabe que estou muito ativo por lá.

Uma outra razão da minha falta de tempo é a participação em eventos. Tinha o costume de postar retrospectivas aqui e como as coisas acumularam vou montar tudo em um único post com aquilo que achei mais importante.

Qcon SP

A Qcon foi um evento único e marcante do ano. Todo o pessoal do InfoQ Brasil está de parabéns. Presença de muitos nomes internacionais e também foi o evento que mostrou a maturidade do desenvolvimento de software no Brasil.

Neste evento fui o host da track de Agile, e os convidados foram Alexandre Magno (Adaptworks), Márcio Duarte e Felipe Silva (Globo.com), Giovanni Bassi (Lamba3) e Paulo Caroli (Thoughtworks).

Minha apresentação foi na verdade uma manifestação. Hoje vivemos uma terceira ou quarta guerra dos métodos em TI e creio que devemos parar para pensar e (por favor) amadurecer. Estas brigas entre Scrum, XP, Kanban, RUP e outros não melhoram em nada nosso mercado. Os slides estão aqui:

Na minha apresentação despertei o fato que por 20 anos nós estamos tentando aproximar o cliente do projeto de TI. Atualmente vejo que a perfeição em desenvolvimento de software seria exatamente o contrário: A TI se aproximar do negócio e ser co-responsável por ele. Porém, isso implica em um grande impacto nas organizações: Não existiria mais TI. Com isso não existiria mais processos, papéis, hierarquias e burocracias. A aproximação da TI com o negócio, algo que TODO CIO sempre fala ao assumir o cargo, se fosse verdade, faria a TI sumir.

Nessa visão você seria um especialista de produto, um vendedor ou um contator que sabe programar. Interessante ver que tenho recebido relatos da comunidade de outras pessoas que pensam assim. No fundo usamos metodologias e processos para nos autorizar a fazer coisas que já deveríamos fazer. Tenho trabalhado numa idéia chamada “Extreme Business”, será polêmico, é assunto para outro post.

Alexandre Magno fez uma importante palestra mostrando como algumas grandes empresas implementaram Scrum. O pessoal da Globo.com e o Giovanni fizeram palestras mais técnicas e avançadas. O Paulo Caroli complementou muito bem com exemplos algumas coisas que falei sobre Kanban. E no caso dele, achei legal a maturidade da comunidade ouvir numa palestra de Agile algo como “linha de montagem de software” sem acender as tochas. Isso é maturidade.

Encontro Ágil (sem Palestras!)

O Encontro Ágil 2010 na USP foi também muito especial. Um evento sem palestras, somente Open Spaces sugeridos pelos próprios participantes. O evento deu muita liberdade de escolha para você aprender. Logo no início uma grande reunião entre todos definiu os temas. Sugeri um Release Planning de um produto real da Aspercom e participei do fórum para discussão de Scrum x Kanban sugerido pelo Giovanni Bassi.

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Release Planning real num evento. Mapa Mental e Protótipos.

Neste ano de 2010 uma das polêmicas da Guerra dos Métodos é a briga Scrum x Kanban. Apesar do Henrik Kniberg tentar explicar isso no seu livro Scrum & Kanban, muitos da comunidade Scrum estão refutando Kanban. Para melhorar ainda mais, o Ken Schwaber, um dos criadores do Scrum, autor que tenho muito respeito, escreveu no seu blog um post criticando muito Kanban. Neste post, sinto muito, o Ken realmente escreveu besteira, apesar do texto tentar ser teórico. Para iniciar, Kanban não é um processo prescritivo. Para falar a verdade, ele é mais empírico que o próprio Scrum.

O fórum Scrum x Kanban teve a participação de aproximadamente 50 pessoas. O Giovanni, que tem contato com o Ken pela Scrum.org, defendeu o posicionamento dele, basicamente dizendo que Kanban é para processos definidos, como linhas de montagem, e assim, parafraseando a tecla que o Ken tem batido, “não serve para software”. A primeira impressão de pessoas que tem contato com Kanban é exatamente essa, e sendo sincero, em 2008 também refutei Kanban pelos mesmos questionamentos. O Alisson Vale, meu mentor em Kanban e talvez um dos nomes mais fortes em Kanban no mundo teve que gastar muito latim para explicar pra mim (e também para o Clavius Tales) os detalhes importantes desse modelo. É importante frisar que minha motivação para estudar Kanban foi exatamente o fracasso de algumas implementações Scrum.

No fórum tentei ter uma postura pacífica, que inclusive aprendi na comunidade Kanban. Muitas vezes escrevo ou falo coisas fortes, mas realmente tenho tentado mudar isso. Não adianta brigar, temos que ter paciência para ensinar. Achei até interessante que algumas pessoas pensaram que ia ter sangue, mas no fim até gostaram da minha postura.

O Encontro Ágil definitivamente foi diferente. Espero que repitam a dose várias vezes. Parabéns a todos da organização.

Maré de Agilidade Fortaleza

O Maré de Agilidade também seguiu a linha dos eventos do segundo semestre onde os assuntos foram mais aprofundados, mais técnicos e também mais práticos. Fico contente que a comunidade ágil tenha evoluido e a comunidade em Fortaleza é empolgante, sem dizer que é muito hospitaleira.

Para mim o ponto alto do evento foi o primeiro treinamento aberto de Kanban ministrado aqui no Brasil que tive o previlégio de ministrar junto com o Alisson Vale. O treinamento com 25 pessoas de várias organizações foi ministrado na Fortes. Este treinamento estará disponível para o público em Janeiro de 2011 no site da Aspercom.

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A hora Kanban: dinâmica que criei para simular do caos à visibilidade com Kanban – aprovado pelo Alisson Vale

A avaliação dos alunos e os feedbacks no Twitter foram muito legais. Obrigado a todos que participaram.

No dia do evento assisti as palestras do Paulo Silveira (Caelum), Mauricio Linhares, e Alisson Vale. Os dois primeiros foram mais técnicos, e neste evento foi muito legal conhecer o Mauricio. Sua palestra sobre soluções para alta performance web mostrou muito sua experiência. A maioria das técnicas alí nem sabia que existia! Eu e o Alisson falamos sobre Kanban. Segue os slides:

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Minha palestra mostrou como tenho usado Kanban para atuar junto de projetos e clientes com ou sem Scrum, tentando ensinar principalmente sobre o que é realmente importante no Kanban como Visualização, Process Design, Swarming entre outras coisas. Mas foi uma palestra básica. Agora, a palestra do Alisson, não se preocupe se você entender muito pouco. Uma das coisas que tenho achado muito interessante é que a comunidade Kanban é mais teórica, mais aprofundada e menos dogmática. A comunidade Kanban tem discutido hoje idéias muito mais avançadas, que transcende TI na empresa. Mesmo tendo estudado sobre processos a mais de 10 anos, tenho muitas vezes dificuldades de acompanhar o raciocínio do pessoal Kanban. Tem conteúdos muito interessantes como este vídeo:

Enquanto isso a comunidade Scrum discute técnicas exóticas de retrospectiva ou como misturar e tornar comercial a mistura Scrum + “Práticas Ágeis de Engenharia” (como CSD, ou PSD), perplexa com a crise na ScrumAlliance. Sou parte da comunidade Scrum, isso não é uma crítica externa.

Por fim, o Maré de Fortal foi o primeiro encontro de Agilidade nos últimos 3 anos que não teve palestras de Scrum. Acho importante essa maturidade e também o fim do Scrum-Hype.

AgileVale

Em São José dos Campos, em sua primeira edição, nas suntuosas instalações do renomado Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), o AgileVale marcou o fim da minha agenda de eventos este ano e o início de uma comunidade de desenvolvimento de software que tem tudo para explodir no Vale do Paraíba. Foi espetacular e ví um grande potencial alí. Divido em duas tracks, mais uma vez renomados agilistas estiveram presentes como Fabiano Milani (AdaptIdeas), Paulo Caroli (Thoughtworks), Felipe Rodrigues (Lambda3), Eduardo Guerra (ITA), Fabio Akita (GoNow) e Cecília Fernandes (Caelum). A organização foi espetacular e foi um evento de 300 pessoas de São José e região.

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Luiz Faias e André Faria

O destaque vai para Luiz Faias e André Faria. Na apresentação eles mostraram como uma cultura de aprendizado foi desenvolvida na BlueSoft mesmo sendo uma empresa pequena. Ideias muito inteligentes e inspiradoras.

Nos últimos tempos o Luiz e André tem mostrado muito esforço e empenho com a comunidade Agile através dos seus vídeos (inclusive minha aula sobre Kanban do Noite Ágil, que tem gerado ótimos feedbacks).

Kanban – Rodrigo Yoshima from Bluesoft on Vimeo.

Desculpe o post longo, mas ele conta o início do meu trabalho como evangelista Kanban. Esse artigo é um pontapé inicial da nossa estratégia na Aspercom de oferecer ao mercado brasileiro a filosofia Kanban, que é uma alternativa para quem tem dificuldades com Scrum e também atende outras áreas da TI como manutenção, infra-estrutura, operações, negócios, interligando isso tudo. O conteúdo Kanban é muito abrangente: busquei um mentor e demorei mais de 2 anos estudando, desafiando e tentando aplicar Kanban para ter minhas próprias conclusões. Isso tem melhorado até minha visão do Scrum, sabendo onde e como ele é melhor aplicado.

Alan Shalloway tem uma frase que tem também me influenciado: “Mudando o mercado, uma empresa de cada vez.”

5 Comentários

  1. André Faria Gomes

    Grande Yoshima,

    Excelente post, foi de fato, uma bela recapitulado nos últimos acontecimentos! Muito obrigado pelos elogios.

    Você é sem dúvida, uma grande inspiração para nós aqui da Bluesoft.

    Abraço,
    André Faria

  2. Henrique Imbertti

    Ei Yoshima!

    Ótima história e resumo dos eventos! Sempre curti o seu blog pelos cases práticos e por posts como este.

    Eu também devo muito ao Alisson Vale – e sim, é normal viajar e refletir ao conversar com ele hehe.

    Como um designer me identifiquei muito com as ideias do Kanban em 2009, pois falava de Systems Thinking, entender o todo, postura pacífica…

    LSSC 2011 here we go! 😉

    Abs,
    Imbertti

  3. Thiago Ghisi

    Grande Yoshima!

    Gostei muito dos slides da sua apresentação-protesto na QCon-SP.
    Totalmente apoiado parceiro! São muitas discussões que não nos levam a lugar nenhum.

    Dá uma olhada nesses links e nos comentários:

    http://blog.bernabo.com.br/2010/11/o-que-rup-cmmi-e-pmbok-sao-para-1-e.html

    http://craftnicely.blogspot.com/2010/11/agile-e-tradicional-pingos-nos-is.html

    http://www.google.com/buzz/thiago.ghisi/8TWzcU8j3HW/Excelente-Em-muitas-conversas-vejo-pessoas

    De forma a complementar o porque eu não gosto dessas guerrinhas inúteis um trecho de uma entrevista que li recentemente com Marcello Thiry:

    “…é comum ver em blogs, artigos e eventos, discussões sobre o que é melhor para uma empresa de desenvolvimento de software: adotar um modelo como o MPS.BR ou ser ágil? O problema é que, muitas vezes, há falta de informação, seja de um lado ou de outro. As perguntas relevantes são: sua organização entrega no prazo? Dentro do custo previsto? Você tem como saber se está no prazo ou dentro do custo? As entregas têm a qualidade esperada? O cliente está satisfeito? Sua equipe está satisfeita? A direção da empresa está satisfeita? O retrabalho é bem controlado? O mesmo problema ou defeito nunca se repete em entregas diferentes? A empresa lida bem com mudanças? Se a resposta for não para alguma destas questões, então melhorar os processos parece fazer sentido. Neste caso, o MPS.BR pode ser uma referência para “o quê” melhorar, mas “o como” dependerá das necessidades e criatividade de cada organização. Um exemplo disso é que existem, atualmente, empresas que adotam práticas ágeis em seu processo de desenvolvimento e que foram avaliadas com sucesso em relação ao MPS.BR ou CMMI. ”

    Cara, graças a você, ao Alisson Vale e ao Paulo Caroli a comunidade Kanban brasileira tá muito forte e, na minha opinião vai crescer muito em 2011. Que tal um evento só de Kanban em 2011?

    Quando vi a apresentação do Caroli no AgileBrasil sobre Kanban em Porto Alegre esse ano eu, literalmente, enxerguei a luz no fim do túnel.

    Abs e continue “Mudando o mercado, uma empresa de cada vez.”

  4. Pingback:Minha apresentação na QConSP 2012 | Débito Técnico

  5. Pingback:Quando iterações atrapalham (aka scrum x Kanban) at Gandralf's Blog

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