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Restrospectiva Agile Brazil 2011 Fortaleza

Aproveitando as 2 horas de espera aqui no aeroporto de Brasília, estou retornando de Fortaleza dos eventos Agile Brazil e Empreenda-Framps. Antes de mais nada vou fortemente recomendar que você visite o Ceará nesta época do ano: o clima estava super agradável e amenizou um pouco o tempo chato que geralmente convivo em São Paulo.

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Terça-feira

O evento começou para mim na terça-feira. Estavam rolando vários cursos de certificação Scrum e o curso sobre Lean Thinking com o Christopher Thompson. Assisti de penetra o curso do Thompson por uns 30 minutos e gostei muito do conteúdo e da abordagem dele. O livro com o mesmo nome do curso (de James P. Womack e Daniel T. Jones) é leitura obrigatória para praticantes Scrum e Kanban. Um pouco de conceitos (o porque) são importantes. Eventualmente você compreenderá que o papel do PO exige características de super-homem.

Ainda na terça um jantar num excelente restaurante uniu palestrantes e organizadores na maior mesa de refeição que já vi. Tive uma rica oportunidade de conversar por umas 2 horas com o Joshua Kerievsky sobre mercado, produtos e Lean Startup. Neste jantar também conversei com mais um autor do Manifesto Ágil: Jim Highsmith.

Quarta-feira

Na quarta-feira começou o evento principal com a palestra do Jim Highsmith. Agora contratado pela Thoughtworks, Jim está evangelizando Agile para CEOs, CIOs, Gerentes e etc em grandes empresas do mundo. Um trabalho realmente empolgante. No seu discurso Jim comentou sobre práticas e agilidade nos niveis do time, do middle-management e do top-management. A mensagem geral foi sobre líderes adaptativos e agilidade escalando para todo ambiente corporativo. A palestra dele confirmou alguns conceitos que falei na minha palestra sobre a participação importante dos gerentes numa transição Agile, algo que tenho experimentado nos meus trabalhos de consultoria.

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Jim e o Agile Triangle

Logo após o Keynote participei do Workshop “Da visão a produção – Criando produtos e lançando ao mercado” com o Daniel Wild. O Daniel falou sobre diversos assuntos, mas, resumindo: Lean Startup. Ele nos desafiou durante o Workshop a montar um Canvas e colocar um MVP no ar até sexta. No nosso grupo formado por Paulo Fernandes, Hélio Medeiros, Rafael Carvalho, Diogo Santos, entre outros, discutimos sobre uma forma de avaliar a qualidade das ofertas de sites de compras coletivas: Nasceu o Peixe Puto. O que mais me chamou atenção dessa dinâmica foi a maturidade dos participantes do meu grupo com conceitos de Lean Startup. Como era um evento sobre Agile esperava que a conversa rodaria sobre Visão, Backlogs, Stories porém os termos foram Canvas, MVP, hipótese, monetização e etc…

Na tarde da quarta feira entreguei meu Lightning Talk sobre Systems Thinking (Pensamento Sistêmico) com uma presença grande do público. Lightning Talks são implacáveis: 10 minutos para expor um assunto e os que eu escolhi foram bem duros de timeboxear. Os pontos que cobri foram conceitos de sistemas complexos, o desperdício com otimizações locais e as relações com Lean.

O resto da tarde trabalhamos no Peixe Puto. Foi muito interessante e colaborativo. O local do evento tinha um espaço com poltronas, puffes e mesinhas para o pessoal parear. O lugar perfeito para o Gemba do Peixe Puto. Infelizmente o WIFI não estava aceitando de jeito nenhum computadores Linux e SSH/HTTPS. Isso atrapalhou e infelizmente não conseguimos colocar nada interessante no ar, mas o mais importante nós tivemos: aprendizado e aplicação prática dos conceitos Lean Startup. Melhor que ficar jogando Kinect nos breaks.

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Equipe reunida e batendo papo

Quinta-feira

A manhã da quinta começou com o Keynote do Joshua “Prioritizing Happiness” onde ele falou bastante sobre a história da Industrial Logic e todo seu aprendizado no processo. Sugiro que você veja os interessantes “albuns” sobre práticas ágeis que existem no site deles para você e sua equipe. No seu talk ele falou sobre como tornar um ecosistema (você, seus desenvolvedores, seus clientes e o cliente do seu cliente) mais feliz. Mais uma palestra recheada de conceitos Lean Startup, incluindo Fake Features e Lean UX. Joshua declarou que uma grande evolução esté vindo sobre o Agile: Lean Startup e Lean UX.

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Josha Ketrievski, Industrial Logic

Logo após assisti a palestra do Rodolpho Ugolini da IBM. Ele apresentou sobre “Design Up-front (na dose certa) pode fazer bem para o seu projeto”, um assunto difícil de falar em eventos de agilidade. Espero que ele possa liberar os slides em algum lugar, pois lá tem muito conteúdo legal (principalmente sobre a indicação de literaturas sobre o assunto desde 1960 até os dias atuais). A mensagem geral foi “não use o mesmo ferramental para toda e qualquer situação”. Assim como eu, o Rodolpho tem “Agilidade com viés de RUP/UML”, isso geralmente significa experiência além da web e apreço pela obras do Jacobson, Booch, Rumbaught e Kruchten. Acredite, geralmente os projetos de design mais complexos estão fora da web e o Rodolpho mostrou autoridade sobre o assunto.

Ainda na manhã assisti a palestra “O Grandiosismo dos Loucos” com o Guilherme Silveira e Cecília Fernandes ambos da Caelum. Na minha opinião foi uma das melhores do evento pois juntaram conteúdo, crítica, humor e a opinião dos participantes. Basicamente eles exploraram alguns blog posts “sem noção” de “celebridades” Agile como Robert Martin, Ken Schwaber e Michael Feathers. O talk foi especialmente relevante porque questionou pessoas que costumam ser inquestionáveis, principalmente quando tudo nessa vida parece ser movido por interesses econômicos e não ciência. Eu especialmente tenho questionado a comunidade Scrum (com direito a discussão ferrenha com Ron Jeffries e Alistair Cockburn no Twitter) se ela tem lido os livros sobre Lean/Kanban e tentado aplicar os conceitos antes de criticar.

Na tarde entreguei o LT “Números que importam: métricas Lean”. Infelizmente não gerenciei bem o tempo e tive que fazer o talk em duas parcelas com direito a muita trollagem do Bruno Pedroso, Daniel Wildt, Manoel Pimentel entre outros (vai ter volta). No talk falei sobre alguns conceitos não conhecidos pela comunidade ágil como cumulative flows, variabilidade, análise de lead-time e principalmente a postura da gestão sobre essas métricas. Um gestor deve questionar “O que eu devo fazer para melhorar o sistema?” e não colocar a responsabilidade toda para o time. Métricas observam o sistema, não controlam ele. “Quando uma métrica se torna uma meta ela deixa de ser uma boa métrica” (Marilyn Strathern).

Sexta-feira

A sexta-feira começou quente. Vinicius Teles, um dos pioneiros XP aqui no Brasil iniciou o último dia com a palestra “2012: o ano em que a Terra acabou, porque o software travou”. O Vinicius preparou muito bem a palestra que foi baseada numa captação de relatos de bugs embaraçosos de diversas empresas conhecidas. Com muito bom humor o Vinicius falou sobre como é complexo fazer software, bastante apoiado na literatura de Fred Brooks. Mais uma vez ele criticou duramente vendedores de certificação dizendo que o nome “Certified” e “Master” dão status de “Yoda” para quem carrega este selinho. Ele reforçou muito a mensagem de que se queremos ensinar e atuar como coach não podemos perder o hábito de programar e as dificuldades associadas a isso. Programar e ter bom código é importante para quem quer ter relevância na comunidade. Nesse ponto fiquei especialmente feliz pela menção honrosa do meu nome junto a outros grandes programadores como Klaus Wuestefeld, Henrique Bastos, Rafael Lima, Guilherme Chapiewski, Silvestre Mergulhão e muitos outros. A palestra foi o ponto alto do evento. Basicamente ele disse: “Quem realmente está fazendo, não está certificando.” A palestra do Vinicius deu o tom para as outras discussões que rolaram nos bate papos do evento, algo que se estendeu para o Empreenda-Framps.

[Será que alguem tem uma boa foto do Vinicius para colocar aqui?]

Antes do almoço, Christopher Thompson, um engenheiro naval com vasta experiência em Lean Manufactoring fez um excelente talk comentando e corrigindo alguns conceitos que tinha visto no evento até então. Lean Thinking como dito anteriormente é um livro de leitura obrigatória e Thompson reforçou princípios importantes contrapondo um mito comum da comunidade Scrum “que Lean serve só para construir carros”. Ele iniciou a palestra falando que as bases do Lean vieram de Ford e Taylor e que Taiichi Ohno dizia “Não ter problemas é o maior problema de todos”. As bases conceituais como o que é valor e o que é problema foram amplamente exemplificadas. Tenho tido contato e trocado ideias com o Christopher desde o treinamento com os Poppendicks no ano passado. Sempre com boas discussões.

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Depois de comer mais uma refeição farta com frutos do mar, abri a tarde com a palestra “Lidando de forma eficaz com mentalidade legada”. Meu talk foi orientado a Lean/Kanban e mais uma vez compartilhei experiências de campo principalmente em transições Agile. Vendo a palestra do Vinicius onde ele citou sobre o “Programming, Motherfucker” de Zed Shaw fiz uma conexão direta com o resto do post do Zed onde ele diz sobre o “Management, Asshole”. Linkei minha palestra com a do Vinicius mostrando como é possível você melhorar qualquer processo existente criando visualização, impondo limites e permitindo que a organização toda (principalmente seu gerente) aprenda com o processo. Como disse no meu post anterior: Kanban é aumentar o conhecimento. Segue os slides:

O tom do meu discurso foi “deixe seu gerente errar, mas crie visualizações para o aprendizado”. Depois da minha palestra teve um swarming de pessoas ao meu redor com dúvidas. Isso nos levou a criar um Open Space com participação de figuras da comunidade Kanban como Alisson Vale e Clavius Tales numa discussão de excelente nível. Tivemos oportunidades de falar sobre vários estilos de Kanban e modelamos algumas visualizações para alguns participantes. Um dos pontos de discussão foi Kanban para gestão de portfolio, um assunto que tenho explorado em alguns clientes. Foi muito enriquecedor. Conversarmos sobre limites, swimlanes e a dinâmica social de um sistema Kanban. Infelizmente isso me fez perder o talk do Ale Gomes e do Matheus Haddad sobre Lean Startup.

O evento terminou com uma palestra conceitual e prática ao mesmo tempo: Alisson Vale é um cara que corriqueiramente tenho citado e veio correndo para Fortaleza do “Kanban Leadership Retreat” na Islândia (um evento fechado para os Kanban Thought Leaders do mundo que infelizmente não pude comparecer). Seu talk chamado: “Ciclos de Avaliação de Pressupostos: Entendendo Lean, Kanban e Agilidade sob uma nova perspectiva” explicou o “porque” de muitas práticas ágeis.

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Uma das coisas que a comunidade Lean e Kanban mais estuda é “o porque” e o “como” das coisas (um dos focos da minha palestra). Infelizmente na comunidade Agile é mais comum se discutir o “o que” (o que é Scrum, o que é TDD, o que é Agile e etc…). A palestra do Alisson explicou sobre coisas do dia-a-dia e como o pressupostos são validados em ciclos que podem tomar mais ou menos tempo e o impacto disso. O Alisson escreveu praticamente tudo que falou em um artigo no blog dele:

http://alissonvale.com/englishblog/post/Cycles-of-Assumptions-Evaluation.aspx

O evento foi excelente e teve conteúdo muito muito muito variado. A organização está de parabéns e na minha opinião pelo clima, visual e pessoas o Agile Brazil deveria ser um evento fixo em Fortaleza. A próxima edição 2012 será em São Paulo e conforme o Dairton Bassi falou no encerramento do evento: “Será o maior evento de agilidade do hemisfério Sul”.

Após o Agile Brazil participei do III Empreenda-Framps em um hotel maravilhoso na Taíba com participação de Juan Bernabó, Alisson Vale, Paulo Fagiani, Ale Gomes, Renato Willi, Silvestre Mergulhão, Rafael Lima, Vinicius Teles, Patricia Figueira, Rodrigo de Toledo, Bruno Pedroso, Leonardo Antonialli, Marcelo Murad, Henrique Bastos, Clavius Tales e Saulo Arruda. Fraco, né? Infelizmente a primeira regra do Empreenda-Framps é “você não fala sobre o Empreenda-Framps”. Sorry.

Mais fotos:

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Galera

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Açaí em Mucuripe com direito a capotada de Hobie Cat

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Joshua e Jim (Camiseta XGH dada pelo Rodolpho Ugolini)

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Rosi e Raul (Buscapé) se matando no coffe-break

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Conde Milfont, um dos locais, celebridade

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Empreenda-friends

10 Comentários

  1. Rodrigo Yoshima

    Não. Ele nasceu para ser um produto. Está um pouco desorganizado porque não tenho tanto contato com todos os “autores” dele, mas a conversa foi fenomenal. Abraços!

  2. Daniel Wildt

    Massa Rodrigo!

    Pô, regras do clube da luta funcionando aí novamente, agora no empreenda-framps.

    Quando sair novidades do #peixeputo avisa! O workshop foi massa mesmo, galera presente estava a fim mesmo do assunto.

    E verdade, ponto negativo do Agile Brazil 2011 foi a ausência da galera da Bluesoft!

  3. Pingback:Treinamento Kanban LKU – 31/agosto – AgileBrazil 2012 | Débito Técnico

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